HERCULANO PIRES

São Paulo a 25/09/1914, e desencarnou nesta capital em 09/03/1979.
Filho do farmacêutico José Pires Correia e da pianista Bonina
Amaral Simonetti Pires. Fez seus primeiros estudos em Avaré, Itaí e
Cerqueira César. Revelou sua vocação literária desde que começou a
escrever. Aos 9 anos fez o seu primeiro soneto, um decassílabo sobre
o Largo São João, da sua cidade natal. Aos 16 anos publicou seu
primeiro livro,”Sonhos Azues” (contos), e aos 18 anos o segundo livro,
“Coração” (poemas livres e sonetos). Já possuía seis cadernos de
poemas na gaveta, colaborava nos jornais e revistas da época, da
província de São Paulo e do Rio. Teve vários contos publicados com
ilustrações na Revista da Semana e no Malho…

Foi um dos fundadores da União Artística do Interior (UAI),
que promoveu dois concursos literários, um de poemas pela sede da
UAI em Cerqueira César, e outro de contos pela Seção de Sorocaba.
Mário Graciotti o incluiu entre os colaboradores permanentes da
seção literária de A Razão, em São Paulo, que publicava um poema
de sua autoria todos os domingos. Transformou (1928) o jornal
político de seu pai em semanário literário e órgão da UAI. Mudou-se
para Marília em 1940 (com 26 anos), onde adquiriu o jornal “Diário
Paulista” e o dirigiu durante seis anos. Com José Geraldo Vieira,
Zoroastro Gouveia, Osório Alves de Castro, Nichemaja Sigal, Anthol
Rosenfeld e outros promoveu, através do jornal, um movimento
literário na cidade e publicou “Estradas e Ruas” (poemas) que Érico
Veríssimo e Sérgio Millet comentaram favoravelmente.

Em 1946 mudou-se para São Paulo e lançou seu primeiro romance,
“O Caminho do Meio”, que mereceu críticas elogiosas de Afonso
Schimidt, Geraldo Vieira e Wilson Martins. Repórter, redator,
secretário, cronista parlamentar e crítico literário dos Diários
Associados. Exerceu essas funções na Rua 7 de Abril por cerca de
trinta anos. Autor de 81 livros de Filosofia, Ensaios, Histórias,
Psicologia, Pedagogia, Parapsicologia, Romances e Espiritismo,
vários em parceria com Chico Xavier, sendo a maioria inteiramente
dedicada ao estudo e divulgação da Doutrina Espírita… Lançou a
série de ensaios Pensamento da Era Cósmica e a série de romances
e novelas de Ficção Científica Paranormal. Alegava sofrer de
grafomania, escrevendo dia e noite. Não tinha vocação acadêmica e
não seguia escolas literárias. Seu único objetivo era comunicar o que
achava necessário, da melhor maneira possível.
Graduado em Filosofia pela USP em 1958, publicou uma tese
existencial: “O Ser e a Serenidade”. De 1959 a 1962, exerceu a
cadeira de filosofia da educação na Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Araraquara. Foi membro titular do Instituto Brasileiro de
Filosofia, seção de São Paulo, onde lecionou psicologia. Foi presidente
do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo de
1957 a 1959. Foi professor de Sociologia no curso de jornalismo
ministrado pelo Sindicato. José Herculano Pires foi presidente e
professor do Instituto Paulista de Parapsicologia de São Paulo.
Organizou e dirigiu cursos de Parapsicologia para os Centros
Acadêmicos: da Faculdade de Medicina da USP, da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo, da Escola Paulista de Medicina e em
diversas cidades e colégios do interior. Fundou o Clube dos Jornalistas
Espíritas de São Paulo em 23/01/1948. O Clube funcionou por 22 anos.

Herculano foi membro da Academia Paulista de Jornalismo onde
ocupou a Cadeira “Cornélio Pires” em 1964. Herculano pertenceu
também a União Brasileira de Escritores, onde exerceu o cargo de
Diretor e Membro do Conselho no ano de 1964. José Herculano Pires
foi Chefe do Sub-Gabinete da Casa Civil da Presidência da República
no governo do Sr. Jânio Quadros no ano de 1961, onde permaneceu
até a renuncia do mesmo. Espírita desde a idade de 22 anos não
poupou esforço na divulgação falada e escrita da Doutrina Codificada
por Allan Kardec, tarefa essa à qual dedicou a maior parte da sua vida.
Durante 20 anos manteve uma coluna diária de Espiritismo nos
Diários Associados com o pseudônimo de Irmão Saulo. Durante quatro
anos manteve no mesmo jornal uma coluna em parceria com Chico
Xavier sob o título “Chico Xavier pede Licença”.

Foi Diretor fundador da revista “Educação Espírita” publicada
pela Edicel. Em 1954 publicou Barrabás, que recebeu um prêmio do
Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, constituindo o
primeiro volume da Trilogia Caminhos do Espírito. Publicou em 1975,
Lázaro e com o romance Madalena concluiu a Trilogia. Traduziu
cuidadosamente as obras da Codificação Kardecista enriquecendo-as
com notas explicativas nos rodapés. Essas traduções foram doadas a
diversas editoras espíritas no Brasil, Portugal, Argentina e Espanha.
Colaborou com o Dr. Júlio Abreu Filho na tradução da Revista Espírita.
Ao desencarnar deixou vários originais os quais vêm sendo publicados
pela Editora Paidéia.